Supercontinentes
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Sem dúvida que uma das primeiras coisas que aprendemos sobre o planeta onde vivemos, é que se trata de um globo onde existem grandes zonas emersas (os continentes)... rodeadas por enormes extensões de água (os oceanos). Esta parecia uma daquelas verdades indiscutíveis... tão inabalável quanto a linha de costa que separa continentes e oceanos...
O momento atual mostra que num mundo a aquecer, à medida que os gelos vão derretendo, as linhas de costa avançam sobre os continentes. Por isso, não será de estranhar que, quando recuamos no tempo, 20 000 anos até à última época glaciar, quando espessos mantos de gelo cobriam extensas áreas continentais encontrássemos um Mundo bem diferente. Com o nível do mar a, cerca de 100 metros abaixo do atual era então possível chegar caminhando à Austrália, à Grã-Bretanha, à Sicília... ou até...
Supercontinentes
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À medida que se foi "descobrindo" o Mundo, foram sendo dados nomes aos vários "pedaços" de zonas emersas. Esta tentativa de individualizar diferentes continentes, frequentemente, resultava mais de aspetos culturais que na real separação entre as zonas emersas. Com efeito, se a Austrália ou a Antártida estavam realmente isoladas, que dizer, por exemplo, da Europa ou da Ásia onde a perfeita continuidade se reflete no nome comum de Eurásia... ou das Américas... ou até da África...
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Embora até possamos saber que não é bem assim... quase sempre pensamos num Mundo onde 6 continentes se encontram separados por 5 oceanos... mas... esta é uma forma bem limitada de encarar a superfície do nosso planeta... Afinal onde está o limite entre os oceanos? E será que os continentes são mesmo 6? Porque não apenas 5 ... ou 4... ou...
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Os oceanos não só separam os continentes mas também, escondem a topografia dos seus fundos, e estes são bem diferentes... Marginando os continentes, encontram-se as plataformas continentais, onde a profundidade da água não excede os 200 metros. São estas zonas que facilmente são expostas ou inundadas com pequenas variações do nível do mar e... é daqui que provém a generalidade do peixe que pescamos... e é aqui que vive grande parte das espécies marinhas
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Numa Terra esférica, que roda em torno de um eixo inclinado e em torno do Sol, ao longo de um ano, a radiação solar incide sobre a superfície do nosso planeta de uma forma desigual. Esta é a principal razão para que as diferentes zonas dos vários continentes, apresentem climas diferentes. Mas este zonamento é também influenciado por fatores locais, como a presença de montanhas, a distribuição dos continentes, a sua dimensão...
O zonamento climático Köppen-Geiger é uma das formas de expressar esta variabilidade.
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Os continentes e oceanos para os geólogos são bem diferentes... Aos seus olhos não interessa se existe ou não água... apenas as rochas interessam... afinal são geólogos... Para eles, os oceanos são essencialmente formados pelos basaltos...e apenas nos continentes encontramos a enorme diversidade de rochas que conhecemos... os granitos... os calcários... as argilas... os xistos... os dioritos... e... e...
Esta diferença, entre continentes e oceanos, reflete uma divisão profunda no funcionamento do nosso planeta... os continentes são “antigos" e os oceanos “recentes"... mas... na perspetiva sempre longa dos geólogos...
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Tendemos a olhar para os continentes como enormes massas imóveis ao longo do tempo mas... o tempo dos geólogos é longo... muito longo... Nesta perspetiva lenta, quando olhamos para o interior do nosso planeta, vemos que existe uma camada, mais superficial, com 100 a 200 km de espessura (a litosfera), que é rígida e está fragmentada em grandes pedaços (as placas tectónicas)... e estas movem-se, umas em relação às outras, lentamente... muito lentamente... à velocidade a que crescem as nossas unhas...
Supercontinentes
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Em 1876, Alfred Wallace, publicou um mapa onde mostrava que as associações entre várias espécies de animais permitiam individualizar zonas diferentes no nosso planeta, o que foi fundamental para perceber a sua biodiversidade. Ainda hoje a fronteira que atravessa o arquipélago Malaio separando as faunas típicas da Ásia e da Oceânia é conhecida por linha de Wallace.
Em 2013, uma equipa liderada por Holt atualizou esta divisão, utilizando dados de mais de 20 000 espécies de anfíbios, aves e mamíferos.
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AMÁSIA
Considerando que o Pacífico é atualmente o único oceano totalmente rodeado por zonas de subducção (que dão origem ao conhecido Anel de Fogo do Pacífico), Chris Hartney e Paul Hoffman propuseram em 1992 que dentro de cerca de 250 a 300 milhões de anos se irá formar um supercontinente, que denominaram de AMÁSIA. Este supercontinente resultaria da colisão dos continentes que marginam atualmente o oceano Pacífico. De fora deste enorme supercontinente ficaria a Antártida, que já atualmente apresenta uma relação menos óbvia com as restantes litosferas continentais.
Nesta proposta os terrenos que constituem atualmente Portugal continental (estrela branca), continuariam a situar-se na margem oriental do oceano Atlântico.
(baseado em Samuel Hoskins, youtube)
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AURICA
Considerando que os fundos oceânicos basálticos do Atlântico e do Pacífico são muito antigos e por isso mais densos, o que os leva a terem tendência a subductarem, uma equipa liderada por João Duarte propôs em 2016 que o próximo supercontinente que tudo indica irá existir daqui a cerca de 300 milhões de anos seria a AURICA. Ao contrário de todas as outras propostas anteriores, este futuro supercontinente resultaria do fecho total, quer do oceano Atlântico, quer do Pacífico, o que implicaria a expansão do oceano Índico e a abertura do oceano Baical que dividiria a Eurásia num bloco continental oriental e num ocidental, onde se localizará o que é atualmente Portugal continental (estrela branca).
(baseado em Samuel Hoskins, youtube)
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PANGEIA
Há cerca de 250 milhões de anos, os dois grandes blocos continentais que então existiam (Gonduana e Laurásia), colidiram originando o supercontinente PANGEIA, que englobava quase todos os continentes que conhecemos atualmente, o qual se encontrava envolvido pelo superoceano PANTALASSA. O que viria a ser Portugal continental (estrela branca) encontrava-se então na extremidade ocidental de um enorme golfo oceânico que conhecemos como o Mar de TÉTIS.
(baseado no projeto Paleomap de Christopher Scotese)
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PANGEIA PROXIMA
Em 1982 Christopher Scotese propôs aquela que virá a ser a primeira tentativa de reconstruir o próximo supercontinente dentro de 250 a 300 milhões de anos, o qual designou de PANGEIA PROXIMA. Nesta reconstrução, considerou que a instalação de uma zona de subducção na margem Oeste do Atlântico junto à costa oriental das Américas levará, numa primeira fase à subducção da crista meso-oceânica do Atlântico e, num estádio mais evoluído ao fecho do Atlântico e do Índico. Este processo provocará de novo a justaposição dos continentes Americanos com a Europa e a Ásia, tal como já tinha ocorrido na Pangeia. Os terrenos que constituem atualmente Portugal continental (estrela branca) continuariam a situar-se na margem de um oceano mas... desta vez do oceano Ártico.
(baseado em Samuel Hoskins, youtube)
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